Atualizada em 26/06/2024 12:48:25 por Fernando Felix Uchoa da Silva
Hoje, 26 de junho o dia nacional do Diabetes. Para alertar os profissionais de Odontologia e os pacientes da relevância do tema, o Conselho Federal de Odontologia (CFO), por meio do CFO Esclarece, apresenta um artigo sobre a influência da saúde bucal na saúde geral dos pacientes, especialmente para aqueles com diabetes. Essa doença crônica, caracterizada pelo aumento dos níveis de glicose no sangue, está intimamente ligada a várias complicações bucais. Diabéticos são mais propensos a desenvolver complicações na cavidade oral. Esses problemas, se não tratados adequadamente, podem dificultar o controle da glicemia, criando um ciclo vicioso que compromete a saúde geral do paciente.
Diabetes é uma doença crônica caracterizada pelo aumento dos níveis de glicose no sangue, resultante da produção insuficiente de insulina pelo pâncreas ou da incapacidade do corpo de utilizar adequadamente a insulina produzida. Existem dois tipos principais de diabetes: o tipo 1, onde há pouca ou nenhuma produção de insulina, e o tipo 2, em que o corpo não usa a insulina de forma eficaz. A diabetes gestacional, que ocorre durante a gravidez, também é uma preocupação importante.
A relação entre diabetes e saúde bucal é uma via de mão dupla. Pacientes diabéticos costumam desenvolver com mais frequência gengivite, lesões de cárie e infecções orais, além de perda óssea ao redor dos dentes. Isso acontece porque a circulação sanguínea na região da boca é prejudicada pela condição, comprometendo a resposta imunológica e dificultando a cicatrização de lesões. Se a saúde bucal não estiver em dia, o controle do diabetes também pode ser afetado, criando um ciclo vicioso prejudicial à saúde geral do paciente.
A doença periodontal, que inclui gengivite e periodontite, é uma das principais complicações bucais em diabéticos. A gengivite, uma inflamação das gengivas, pode evoluir para periodontite, afetando os tecidos e ossos que sustentam os dentes. Além disso, infecções fúngicas, como a candidíase oral, são mais comuns em diabéticos devido ao sistema imunológico comprometido e à boca seca (xerostomia), uma condição frequente em pacientes com diabetes. Essas infecções não só são desconfortáveis como também podem dificultar a mastigação e a fala.
Para explicar esta correlação entre o diabetes e doenças da cavidade oral, o CFO Esclarece conversou com o Professor Associado Responsável pela disciplina de Periodontia da UFMS, José Peixoto Ferrão Júnior. Ele explica que “das mais comuns patologias sistêmicas que se relacionam com a doença periodontal o diabetes é a mais frequente. A relação do Diabetes Mellitus com a doença periodontal a muito é estudada. Apesar da microbiota bucal do paciente não diabético e diabético serem similares a resposta imune deficiente do hospedeiro parece ser fator de risco primordial para o desenvolvimento da doença periodontal, sendo um importante fator predisponente para a mesma. É certo que o nível de controle da glicemia interfere diretamente na predisposição do paciente a desenvolver doença periodontal, sempre na presença obviamente do biofilme dental. Pacientes com altos níveis glicêmicos são mais propícios a desenvolver a doença do que os diabéticos controlados ou não-diabéticos”. O professor explica ainda que isto “isso se deve diretamente a resposta imune do paciente, onde alterações neutrofílicas diminuem quimiotaxia, e consequentemente fagocitose, diminuindo a resistência do periodonto a instalação da doença. Também temos alterações como o aumento da produção de mediadores do processo inflamatório, que podem levar a alterações vasculares e influenciar na defesa local”.
Os tratamentos dentários também são afetados pela diabetes. Procedimentos como implantes dentários e cirurgias orais podem ter um risco maior de complicações em pacientes com controle glicêmico inadequado. A cicatrização lenta e o risco aumentado de infecção são preocupações significativas. “O paciente diabético controlado pode ser tratado de maneira convencional. Já o paciente diabético sem este controle adequado, deve ter um tratamento diferenciado em alguns pontos, entre eles a escolha do anestésico. Devendo evitar adrenalina, pois a mesma provoca a quebra de glicogênio em glicose podendo levar o paciente a um aumento da taxa”, explica o professor.
Para minimizar esses problemas, é essencial que pessoas com diabetes mantenham um rigoroso controle de seus níveis de glicose no sangue e adotem uma rotina de higiene bucal meticulosa. Isso inclui escovar os dentes pelo menos duas vezes ao dia com pasta de dente com flúor, usar fio dental diariamente e evitar o consumo excessivo de açúcares. Visitas regulares ao cirurgião-dentista são indispensáveis para check-ups e limpezas profissionais, permitindo a detecção precoce e o tratamento de quaisquer problemas bucais.
A integração nos cuidados envolve o trabalho multidisciplinar de diferentes profissionais da saúde, profissionais de saúde. Além dos cirurgiões-dentistas, acima citados, endocrinologistas, nutricionista, e outros profissionais devem trabalhar em conjunto para a obtenção de um melhor resultado. “É de suma importância ocorrer a interdisciplinaridade, e que todos os profissionais envolvidos conversem entre si visando o melhor resultado: a saúde do paciente”, conclui.
Em suma, os cuidados com a saúde bucal são essenciais para pessoas com diabetes, não apenas para prevenir complicações bucais, mas também para ajudar no controle geral da doença. Manter uma boa higiene bucal, realizar visitas regulares ao dentista e trabalhar em conjunto com outros profissionais de saúde são passos fundamentais para garantir uma qualidade de vida melhor para os pacientes diabéticos.
Ascom CFO