Em ano de Copa, entusiastas do futebol acompanham um dos maiores eventos esportivos do mundo, que reúne os melhores jogadores do mundo representando suas seleções nacionais. Por sua vez, os atletas buscam melhorar suas performances de diversas maneiras e até a saúde bucal se torna fator determinante para o desempenho do jogador em campo.

O Conselho Federal de Odontologia (CFO) reconheceu a Odontologia do Esporte como especialidade odontológica em 2015, por meio da Resolução CFO 160, e atualmente conta com 31 profissionais com pós-graduação na área. De acordo com Juliano do Vale, presidente do CFO, a Odontologia do Esporte “trabalha com as particularidades e especificidades dos atletas com a intenção de promover, além de saúde bucal adequada a essa população, uma melhora no seu rendimento físico. Além disso, trata-se de uma especialidade com muito mercado a ser explorado”.

Na prática, a Odontologia do Esporte no Brasil já vem sendo trabalhada há tempos. Seu primeiro representante foi Mario Trigo, Cirurgião-Dentista da Seleção Brasileira nas Copas do Mundo de 1958, 1962, 1966 e 1970, sendo tricampeão mundial (1958, 1962 e 1970). Sua preocupação era que o foco dentário poderia ser responsável por debilitar a saúde do atleta – só em 1958, entre os 33 atletas e membros da Seleção Brasileira, ele removeu 118 dentes.

Entre os cuidados que os Cirurgiões-Dentistas especialistas na área precisam ter com os atletas, a cárie dentária e as lesões erosivas estão entre as mais preocupantes, devido ao uso prolongado de isotônicos e repositores energéticos nos jogos e treinamentos. Esses isotônicos contêm o PH muito ácido, e se consumidos em larga escala sem o devido tratamento dentário, podem causar tais problemas bucais.

O profissional especialista na área tem também na sua formação o cuidado com a prescrição de fármacos permitidos pelo WADA (World Anti-Doping Agency), a fim de evitar o doping. Em disputas de bola, as chances de trauma dentário se tornam maiores. A Federação Internacional de Futebol (FIFA) reconheceu o futebol como a segunda modalidade mais atingida por traumas de cabeça e pescoço no mundo, ficando atrás apenas do basquete.

Um dos acessórios que minimizam traumas na região da face é o protetor bucal. Antes muito associado a esportes de luta, aos poucos ele vem ganhando espaço no esporte mais popular do País. O primeiro jogador de futebol a atuar com protetor bucal nas partidas foi o goleiro Fabio em 2008, à época no Cruzeiro. Neymar, atacante do Paris Saint-German (PSG) e da Seleção Brasileira, chegou a utilizar o acessório quando ainda atuava pelo Santos FC em 2009, e o astro da Seleção Portuguesa e do Manchester United, Cristiano Ronaldo, utilizava protetor bucal quando ainda fazia parte do elenco do Real Madrid, na Espanha. No Palmeiras, jogadores utilizam o acessório com frequência, entre eles o zagueiro e capitão da equipe, Gustavo Gómez.

Cirurgião-Dentista do Santos FC e especialista em Odontologia do Esporte, Caio Santos explica que existem artigos na literatura que atribuem o aumento de desempenho à utilização de determinados dispositivos intraorais em atletas, mas que se faz importante salientar que ainda há pouco material para sustentar essa afirmação. “Não existe um consenso sobre a qualidade de todos esses estudos, qual a definição de ‘desempenho’ é apontada e por quanto tempo se dá sua eficácia”, pondera.

Ascom CFO
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